Foca-cinzenta “Inês” de volta ao mar!

  • CRAM Ecomare
  • 02 Mar 2014

Uma foca-cinzenta encontrada na praia de Santa Rita, Torres Vedras, a 22 de dezembro de 2013 será devolvida à natureza no dia 4 de março.

Tratava-se de uma fêmea juvenil com apenas 85 centímetros de comprimento e 13 quilogramas de peso.

Após o seu ingresso no CRAM, os técnicos realizaram uma avaliação do seu estado de saúde. Verificou-se que estava hipotérmica, subnutrida e desidratada. No CRAM, foram-lhe administrados fluidos para corrigir a desidratação e realizado um protocolo de desparasitação. Verificou-se também que não sabia alimentar-se e teve que se proceder a uma alimentação forçada durante os primeiros dias até esta aprender a capturar e engolir o peixe sozinha. Assim que a evolução do seu peso foi favorável, a foca Inês foi transferida para um tanque de maiores dimensões e com maior isolamento para  reduzir ao mínimo o contacto humano. Após dois meses de reabilitação a Inês atingiu 40 quilogramas de peso e 110 centímetros de comprimento.

No 1 de março de 2014, a Inês foi transportada por técnicos do CRAM até Vigo onde foi embarcada no navio “PESCABERBÉS TRES” e rumou até águas internacionais ao largo da Irlanda onde será libertada. Esta devolução é articulada com a organização CEMMA, uma ONG científica galega, parceira do CRAM e da SPVS.

As focas-cinzentas distribuem-se entre águas temperadas e subárcticas do Atlântico norte. Na Europa concentram-se em volta do Reino Unido sendo encontradas colónias na Bretanha francesa. A época de nascimentos na Europa varia entre setembro e dezembro e as crias nascem com cerca de 100cm e 15kg de peso. As crias são amamentadas cerca de 3 semanas sendo que, após este tempo, são independentes.

Até à data foram recolhidas sete focas-cinzentas pelo CRAM. O primeiro animal desta espécie foi recolhido no Cabo Mondego em 2009. Atualmente ainda se encontra em reabilitação uma foca-cinzenta no CRAM recolhida em Peniche.

No presente ano, existe um aumento considerável de registo de focas-cinzentas no noroeste da Península Ibérica. Neste inverno foram, para já, recolhidos quatro indivíduos desta espécie (sendo que a média anual é de  1 por ano) em Portugal e já foram registados cerca de 70 animais no norte de Espanha. A frequência de tempestades registadas neste inverno poderá ser a causa para este número anormal de arrojamentos de juvenis de focas-cinzentas no noroeste da Península Ibérica que, devido à sua inexperiência são arrastadas por correntes.