SCANS III: Os primeiros resultados

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  • 01 Jun 2017

Em julho e agosto de 2016, três navios e sete aeronaves monitorizaram, durante 6 semanas, uma área de 1,8 milhões de quilómetros quadrados desde o Estreito de Gibraltar no sul, até Vestfjorden na Noruega. As equipas de observadores percorreram ± 60.000 km de transectos pré-definidos, registando milhares de grupos de cetáceos pertencentes a 19 espécies. Os censos do SCANS-III correspondem ao terceiro esforço de monitorização de uma série que começou em 1994 (SCANS) e continuou em 2005 (SCANS-II). Na Península Ibérica (entre Gibraltar e o Sul de França), os censos aéreos foram coordenados e implementados pela Sociedade Portuguesa de Vida Selvagem e pelo ECOMARE – Universidade de Aveiro.

Os dados foram recolhidos usando métodos de amostragem de Distance Sampling projetados para permitir considerar os animais não detetados na linha de transectos, sem os quais as estimativas de abundância seriam enviesadas. Para isso, usaram-se duas equipas semi-independentes de observadores nos navios enquanto que nas aeronaves foi usado o método “Circle-back”, no qual a aeronave voa de maneira a re-amostrar o mesmo pedaço de transecto onde foi efetuada uma observação de cetáceo.

As novas estimativas de abundância integrarão as avaliações de cetáceos levadas a cabo no âmbito do relatório sobre o estado da qualidade do meio marinho da Convenção para a Protecção do Meio Marinho do Atlântico Nordeste (OSPAR) e da avaliação da Directiva-Quadro Estratégia Marinha da UE.

As espécies mais abundantes foram o Golfinho-comum (468 000 indivíduos), o Boto (467 000 indivíduos) e o Golfinho-riscado (372 000 indivíduos), sendo que 158 000 indivíduos foram contabilizados em grupos conjuntos de Golfinho-comum e Golfinho-riscado. Em relação às restantes espécies, foi possível estimar 28 000 Roazes, 36 000 Golfinhos-de-bico-branco e 16 000 Golfinhos-de-laterais-brancas-do-atlântico.

Em relação às espécies de mergulho profundo (que se alimentam principalmente de cefalópodes) foi possível estimar 26 000 Baleias-piloto, 14 000 Cachalotes e 11 000 indivíduos de várias espécies de Baleias de Bico. Em relação à baleias com barbas, foram estimadas 15 000 Baleias-anãs e 18 000 Baleias-comuns.

Os resultados indicam que a alteração na distribuição do Boto no Mar do Norte, desde a região noroeste em 1994 para a região sul em 2005, foi mantida em 2016 com as densidades mais altas encontradas no sudoeste do Mar do Norte e no norte e leste da Dinamarca. Para o Boto, o Golfinho-de-bico-branco e a Baleia-anã (exclusivamente para o Mar do Norte), a série de estimativas de abundância mostra que não houve alterações, indicando uma tendência estável na abundância ao longo dos 22 anos abrangidos pelos diferentes censos.

Contudo, para a Península Ibérica registou-se o valor mais baixo de densidade de Boto, traduzindo-se na menor abundância em termos de sectores amostrados. O Boto não foi observado em cerca de 2/3 da área amostrada na Península Ibérica

Para algumas das espécies que ocorrem no Atlântico Europeu será necessária pelo menos mais uma campanha para que o estado de conservação global possa ser avaliado.

Imagens

Para aceder à página do SCANS III: https://synergy.st-andrews.ac.uk/scans3/category/researchoutput

Descarregar o relatório do SCANS-III sobre estimativas de abundância:

https://synergy.st-andrews.ac.uk/scans3/files/2017/05/SCANS-III-design-based-estimates-2017-05-02-final.pdf