Alimentação
O PROTOCOLO DE ALIMENTAÇÃO É ESTABELECIDO DE ACORDO COM A ESPÉCIE E COM A CONDIÇÃO DE CADA ANIMAL
A determinação do tipo e quantidade de alimento e a frequência de administração é feita de acordo com a espécie, idade, condição corporal e problemas médicos específicos do animal.
Sempre que um animal dá entrada no CRAM é feita a colheita de amostras sanguíneas, as quais nos permitem avaliar o estado de hidratação do animal. Na maior parte das vezes, este encontra-se desidratado. Para corrigir a desidratação, administramos soluções electrolíticas e, quando esta está resolvida, iniciamos a administração de papas de peixe e/ou peixe.
Todo o peixe que utilizamos nas alimentações é mantido congelado para prevenir o aparecimento de bactérias potencialmente perigosas e/ou matá-las. No dia anterior à preparação das refeições passamos o peixe da arca congeladora para o frigorífico de modo a descongelá-lo. No dia da alimentação, o peixe é pesado, colocado em taças e mantido no frigorífico até à hora da refeição.
Independentemente da espécie todos os animais marinhos recebem suplementos vitamínicos e nalguns casos suplementos de sal.
Aves marinhas
A hidratação é prioritária, uma vez que todas as aves que dão entrada no CRAM, mesmo estando em bom estado corporal, apresentam-se desidratadas.
Os casos mais comuns de causa de entrada no nosso Centro são:
- Possível intoxicação por biotoxinas;
- Casos de petroleamento;
- Captura acidental;
- Emaciação severa.
Para cada um destes casos, temos um protocolo específico.
Quando o animal começa a apresentar melhorias, iniciamos a administração de fórmulas de papa com produtos altamente digeríveis seguido de papa de peixe e/ou peixe inteiro.
A quantidade de peixe fornecida é de 10 a 15% do peso corporal do animal e a frequência diária varia de 3 a 8 vezes (quanto maior for o animal, menor é a frequência). Oferecemos diferentes tipos de peixe dependendo da dieta de cada espécie.
A forma de alimentação varia de acordo com a receptividade do animal. Normalmente nas primeiras refeições, as aves recusam-se a comer sozinhas. Nesses casos, forçamos o peixe até que elas aprendam ou comecem a comer por si.
Além de aves marinhas, também é frequente a entrada de aves limícolas. Estes animais alimentam-se de pequenos invertebrados que apanham nas areias molhadas. Deste modo, o CRAM oferece a estas aves, pequenos invertebrados vivos para que a sua dieta não varie muito durante o seu período de reabilitação.
Tartarugas
No momento da admissão no Centro, a maior parte das tartarugas encontra-se subnutrida e/ou emaciada.
Antes de iniciarmos o protocolo de suporte nutricional, temos de garantir que as tartarugas estão bem hidratadas, têm os níveis sanguíneos de glucose normais e apresentam motilidade gastrointestinal. Assim, nos primeiros dias, começamos por hidratar os animais por via intracelómica, e por alimentá-los através de uma sonda gástrica com uma papa formulada especialmente para tartarugas. Inicialmente, a papa é diluída e administrada em pequenos volumes.
A quantidade e a composição da dieta variam de acordo com os valores sanguíneos do animal, a presença de doenças, a espécie, o peso e o tamanho da tartaruga. Geralmente, a quantidade de peixe fornecida é de 1 a 5% do peso corporal do animal. A percentagem menor é administrada para a manutenção, enquanto a maior é oferecida a animais emaciados e/ou juvenis. Muitas vezes, 5% do peso corporal é muito alto para uma tartaruga emaciada, pelo que devemos ir aumentando gradualmente a quantidade de alimento até chegarmos a esse valor. Quando uma tartaruga atinge o peso pretendido a quantidade de alimento fornecida é diminuída para um valor adequado.
O método mais básico para alimentar as tartarugas é colocar o alimento no tanque (tentamos não concentrar todo o peixe numa área e sim espalhá-lo pelo tanque, de modo a estimular o instinto predatório). Caso os animais não comam sozinhos, forçamos a alimentação, colocando-lhos o peixe na boca, com o auxílio de pinças.
Focas
A maioria das focas que dão entrada no CRAM para além de serem juvenis, encontram-se desidratadas e desnutridas.
Nestes casos, começamos por corrigir a desidratação através da administração de soluções electrolíticas e por elaborar um protocolo nutricional adequado à condição do animal.
A quantidade e a composição da dieta é muito variável e depende entre outras coisas do: tamanho do animal, estado nutricional, doenças e valores sanguíneos.
Geralmente, nos primeiros dias a alimentação é feita por sonda esofágica. Administramos uma papa formulada especialmente para as focas, a cada 3-4 horas em pequenos volumes. Quando os animais aceitam peixe inteiro ou comem sozinhos, administramos 10% do peso do animal por dia, repartido por várias alimentações.
Cetáceos
Os cetáceos quando dão entrada no CRAM normalmente encontram-se desidratados e com desequilíbrios electrolíticos. Deste modo, a prioridade é corrigir estes problemas. Nas primeiras 24h são hidratados oralmente através de sonda gástrica com fluidos.
Dependendo do problema do animal e da sua idade, podemos optar por introduzir lentamente peixe na sua dieta ou fornecer-lhe uma fórmula de papa que simula o leite materno ou uma papa de peixe.
A introdução de peixe na dieta é feita de forma gradual. Isto é, nas primeiras alimentações só administramos um tipo de peixe e em pequenas quantidades. Depois vamos aumentando a quantidade de peixe e caso o animal reaja bem, vamos adicionando outros tipos de peixe à dieta.
A quantidade, composição e frequência das alimentações é muito variável e tem de ser especificamente formulada para cada animal.